Gosto da maneira que a Ana,
do blog Cheiro de Flor Quando Ri,
escreve.
Tão simples, tão natural,
tão verdadeiro.
Me identifico com alguns de seus textos.
Tomei a liberdade de copiar este
em especial.
Realmente somos todos parte da orquestra divina,
basta deixar a música tocar,
a música de cada um,
com amor, com firmeza,
com determinação,
com fé.
Há no coração de cada um de nós, por essência,
uma música que é somente nossa,
inigualável, intransferível.
Por várias razões, conhecidas ou não,
às vezes aprendemos desde muito cedo a diminuir,
gradativamente,
o seu volume e inventar ruídos
que nada tem a ver com ela
para nos relacionarmos com nós mesmos
e com os outros.
Até que chega um tempo em que desaprendemos
a entrar no nosso próprio coração para ouvi-la e,
porque não passeamos mais nele,
porque não a ouvimos mais,
não é raro esquecermos completamente que ela existe.
Mas, como toda ignorância,
toda indiferença,
toda confusão,
não são capazes de apagar a beleza original
dessa partitura impressa na alma,
ela continua tocando,
ainda que de forma imperceptível.
Continua tocando, à espera do dia em que,
de novo ou pela primeira vez,
possamos aumentar o seu volume,
trazê-la à tona,
compartilhá-la.
Continua tocando,
e alguns são capazes de escutá-la
mesmo quando não conseguimos.
Todo encontro genuíno de amor
é também o encontro de duas pessoas
que conseguem ouvir a música uma da outra
e sentir alegria e descanso com aquilo que ouvem.
Conseguem ouvir,
não importa quantos ruídos
tenham inventado pelo caminho
para se proteger da dor
afastando a vida.
Ana Jacomo
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