domingo, 10 de agosto de 2008
Ausência...
Estive fora por vários dias...
Existem vários tipos de ausência: de afeto, de amor, de alegria, de companhia, de apoio, de presença.
E é desta última que estou sentindo desde ontem.
Após um longo período de idas e vindas a médicos e hospitais perdi minha última tia paterna aos 90 anos de idade.
É devastador o sentimento de vazio que fica no peito. Uma família enorme, eram 13 filhos, e agora restam meu pai e o irmão caçula, que já não é tão caçula na idade.
Aqui estamos passando tempos difíceis em relação a saúde de várias pessoas a nós ligadas por parentesco.
Não estou negando a presença de Deus em minha vida, mas acho que Ele entende que meu lamento sai do fundo de minha alma, pois se insisto na saudade, na presença de alguém, é porque a amei, a respeitei, do jeito mais simples que minha vida me ensinou, e, por menor que isso tenha sido, é o que Ele espera de nós: o amor incondicional à vida, ao próximo, ao Seu mandamento de Amor.
Estou triste, pensativa, dolorida.
É tão estranho atingir uma certa idade e ver tudo que te acompanhou desde a meninice ir se acabando, desde meus "ídolos" do cinema, da TV, amigos de meus pais, parentes mais idosos, conhecidos, lugares, a paisagem que conheci já não é mais a mesma, tantas demolições a favor do progresso...
Meu mundo vai diminuindo progressivamente.
A maior parte de minha vida, agora, é acompanhar o crescimento das novas gerações.
Já vi tanta novidade aparecer!
O rádio movido a pilhas, o relógio que bastava movimentar o pulso para dar corda, a TV branco e preto e, anos depois, colorida, o computador, as naves espaciais, o homem pisar na lua, o primeiro transplante de coração feito pelo dr. Barnard (francês) e depois aqui no Brasil pelo dr. Zerbini, o aparecimento de máquinas inimagináveis no campo da medicina, exames de laboratório verdadeiramente mágicos... os famosos "chips eletrônicos", minúsculos, que detectam qualquer coisa a que sejam destinados, a fibra ótica, os aparelhos domésticos... meu Deus quanta coisa !!!!
Sou abençoada por poder ter visto tudo isso acontecer...
E nesse meio tempo vivi numa família unida, maravilhosa.
Formei minha própria família... e que família linda...
Tentei passar todos os meus valores para os filhos. Até agora tudo me parece que consegui.
E a lei da vida continua !!!!
Acabo de saber que serei vovó pela segunda vez. A lei do amor não se interrompe nunca !
" Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" é o ensinamento de Lavoisier.
É a mais pura verdade.
Meu amor pelos que se foram será eterno, sempre presente em meu coração. Às vezes não vai dar para disfarçar a saudade.
Mas saber "ver" as bençãos que nos rodeiam com certeza aliviará o sentimento de saber como a vida é inexorável, igual para todos, com todas as lições necessárias a cada um.
É acreditar que Deus é nosso companheiro de todas as horas, às vezes mais rigoroso, outras inúmeras vezes tão condescendente !!!
Agradeço tudo que tenho.
Agradeço a vida que tenho.
Agradeço ainda poder ajudar.
Agradeço, muitas vezes depois de várias rebeldias, ter a certeza de ter Deus ao meu lado.
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